Armazenamento de sangue coletado: você tem feito isso da forma correta?
O armazenamento de sangue coletado demanda procedimentos rigorosos para assegurar a qualidade do material e evitar alterações que possam comprometer os resultados da análise.
O principal ponto relacionado ao assunto é o armazenamento em ambiente de temperatura controlada, mas também há outras boas práticas que podem fazer a diferença na rotina de trabalho de negócios como clínicas e laboratórios.
Portanto, confira a seguir quais são as boas práticas do setor e demais métodos necessários para lidar com este tipo de material. Além disso, veja neste conteúdo o que são os Procedimentos Operacionais Padrão e por que deve utilizá-los em sua clínica. Continue a leitura!
Entenda os cuidados relacionados ao armazenamento de sangue coletado
O armazenamento de sangue coletado exige diversos cuidados para manter a qualidade das amostras. Por isso, há uma série de boas práticas envolvendo o ciclo do sangue que devem ser seguidas por clínicas, outras empresas e instituições que lidam com este tipo de material.
A seguir, entenda o que é o ciclo do sangue e quais são as boas práticas relacionadas ao armazenamento de sangue!
O que é o ciclo do sangue?
A RDC nº34, resolução publicada pela Anvisa, dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue.
O órgão define ciclo do sangue como o processo sistemático que abrange as atividades de captação e seleção do doador, triagem clínico-epidemiológica, coleta de sangue, triagem laboratorial das amostras de sangue, processamento, armazenamento, transporte e distribuição e procedimentos transfusionais e de hemovigilância.
Há ainda o ciclo produtivo do sangue, que envolve as etapas do ciclo do sangue correspondentes ao processo sistemático, destinado à produção de hemocomponentes, que abrange as atividades de captação e seleção do doador, triagem clínico-epidemiológica, coleta de sangue, triagem laboratorial das amostras de sangue, processamento, armazenamento, transporte e distribuição de sangue e componentes, compatibilizados ou não, de acordo com a legislação vigente.
Portanto, é importante que o material seja manuseado de maneira correta em todas as etapas envolvidas no processo de análise.
Boas práticas no armazenamento de sangue coletado
Você já viu em outros conteúdos do blog a importância de contar com equipamentos adequados para a refrigeração de materiais imunobiológicos. O equipamento precisa ser fechado, como uma câmara e seu uso deve ser exclusivo para o armazenamento de amostras de sangue.
Assim, é possível garantir temperatura contínua e uniforme para todo o material. Outros recursos fundamentais são o termômetro, sistema de monitoramento e registro das temperaturas e ainda alarmes sonoros e visuais que indiquem qualquer problema ou variação na temperatura da câmara.
Em relação às temperaturas ideais, a RDC nº34 define que “após a coleta, o sangue total deve ser estocado em temperatura entre 2°C e 6°C, exceto quando destinado à preparação de concentrado de plaquetas, devendo, neste caso, ser mantido entre 20°C e 24°C até o momento da separação das plaquetas, observado preferencialmente o tempo máximo de 8 (oito) horas, não excedendo 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do fim da coleta. ”
Além disso, “o serviço deve estabelecer procedimentos para que o sangue total seja mantido e transportado da coleta até o processamento de forma a manter sua integridade, as características do produto e garantir a segurança das pessoas envolvidas.”
A mesma RDC ainda afirma que é preciso contar com infraestrutura adequada à conservação das unidades de hemocomponentes, conforme temperatura e prazo de validade, desde a sua obtenção até a transfusão.
Outros pontos importantes para um bom armazenamento
É essencial possuir um plano de contingência escrito e disponível para situações de interrupção da energia elétrica e eventuais problemas na cadeia de frio.
Além de todos os recursos e tecnologias necessárias, é fundamental que toda a equipe e qualquer colaborador que tenha contato com as amostras esteja devidamente preparado para lidar com o material.
A equipe precisa estar alinhada e conhecer todas as boas práticas definidas pela clínica para o transporte, manuseio e armazenamento de sangue coletado.
Pontos de atenção são os níveis de higiene, tanto pessoal como do ambiente, processos de sanitização, vestuário adequado para os colaboradores e equipamentos de proteção individual, dependendo da situação.
Todos os processos realizados devem estar integrados com a equipe e o tipo de equipamento utilizado na clínica.
Para isso, é indispensável definir os Procedimentos Operacionais Padrão, ou POP, que são basicamente protocolos que definem os processos realizados na clínica ou laboratório. Continue a leitura e entenda mais como isso pode ser definido!
Procedimentos Operacionais Padrão – POP
Os POP são protocolos utilizados para detalhar cada atividade realizada em uma clínica, laboratório e outros ambientes que devem seguir processos rigorosos.
Com eles é possível definir como ocorrerá cada operação, desde a coleta do sangue até os resultados. Incluem-se também aspectos como procedimentos técnicos, equipamentos, cuidados e condutas em situação de acidente.
Assim, torna-se mais fácil padronizar as atividades, o que além de garantir mais qualidade no serviço, também contribui para que diversas pessoas consigam executar de maneira igualitária certo procedimento.
No artigo Biossegurança em Laboratórios de Análises Clínicas, a autora Zochio defende que “esses protocolos devem estar escritos de forma clara e completa possibilitando a compreensão e adesão de todos. Além disso, eles devem ser realistas para que seus técnicos possam de fato, seguir o estabelecido.”
Outras recomendações em relação aos POP são:
- Todos os colaboradores devem participar da elaboração dos POP;
- É necessário atualizá-los regularmente e apresentar as alterações a todos;
- Técnicos de laboratório e demais colaboradores que mantenham contato com o material biológico armazenado devem assinar um termo comprometendo-se a cumprir os POP;
- Os POP precisam estar disponíveis em locais de fácil acesso.
E então?
Como você viu, são vários os fatores que podem melhorar a qualidade do armazenamento das amostras. Cabe aos profissionais da área estarem cientes destes pontos e aplicarem em suas rotinas de trabalho.
O ciclo do sangue envolve desde a coleta até o resultado da análise. É importante destacar que todas as etapas devem estar em conformidade com as resoluções vigentes e garantir a integridade das amostras.
Compreendendo e dominando as boas práticas do armazenamento de sangue coletado, um método que pode contribuir muito para a padronização dos processos na clínica é a elaboração dos POP.
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