Armazenamento de sangue antes da análise clínica - Qual a temperatura correta?
Qualquer estabelecimento que atue na coleta e no armazenamento de sangue precisa respeitar padrões extremamente exigentes de conservação, que visam garantir a integridade e, consequentemente, a segurança dos pacientes.Entenda, a seguir, qual é a importância desse tipo de cuidado, quais são os parâmetros que devem ser seguidos por quem atua no setor, quais as médias de temperatura e tempo de armazenamento desses itens e quais as leis sobre o tema!
Qual a importância do correto armazenamento de sangue?
Hemocentros, clínicas, bancos de sangue e agências de transfusão devem lidar diretamente com os derivados e componentes do sangue, bem como seus meios de armazenamento e transporte.Além de valioso para quem precisa, esse tipo de item é extremamente sensível a variações de temperatura, o que faz com que a sua correta conservação seja de suma importância e exija cuidados especiais.Quando os padrões de conservação e armazenamento de sangue não são respeitados, suas características básicas podem ser perdidas e o material pode se deteriorar.Leia também: Transporte de amostras de sangueIsso faz com que esse componente tão valioso à vida seja descartado ou até mesmo, quando não há uma detecção previa do problema, seja direcionado aos receptores com problemas em sua composição, ocasionando problemas de saúde e até óbitos!É justamente por isso que conhecer os procedimentos, as temperaturas e o tempo de conservação é indispensável para qualquer laboratório ou outro estabelecimento que lide com sangue ou hemoderivados.As temperaturas devem sempre estar nos níveis considerados ideais e os padrões de manejo devem respeitar o que é previsto pelas normas que regulamentam o setor.Saiba mais sobre esses parâmetros e exigências nos próximos itens!
Quais procedimentos devem ser seguidos na área?
O sistema de armazenamento de sangue precisa ser fechado, em que os componentes possam ser estocados ou processados no recipiente utilizado originalmente em sua coleta, sem que haja violação do seu selo.Os equipamentos para a refrigeração dos materiais biológicos devem ser específicos para essa finalidade, garantindo uma temperatura continua e sua distribuição igualitária em todo o ambiente interno, onde se encontram as amostras.Essas câmaras refrigeradas precisam contar com termômetro permanente em seu interior, bem como sistema de monitoramento que permita o registro das temperaturas de quatro em quatro horas, no mínimo.Além de sistema de alarmes sonoros e visuais para relatar qualquer problema de variação de temperatura, também é recomendado que esse tipo de refrigerador tenha sistema de baterias reservas, para que continue funcionando em quedas de energia.É imprescindível que os equipamentos destinados ao armazenamento de sangue e seus componentes não seja empregado para nenhuma outra finalidade.Além disso, os termômetros utilizados nas câmaras destinadas à estocagem de hemácias precisam ser imersos em um tipo de líquido próprio para esse fim.Confira, no próximo item, quais são as temperaturas e prazos de armazenamento de sangue e seus derivados. Em seguida, descubra quais são as leis que versam sobre as exigências abordadas ao longo do artigo.Quais as temperaturas e prazos de estocagem indicados?
As temperaturas exigidas para o armazenamento de sangue, bem como o tempo permitido para que ele seja estocado, variam de acordo com os componentes que estão sendo manejados.
Confira os parâmetros estabelecidos para cada tipo de hemoderivado:
Concentrado de hemácias
Os concentrados de hemácias precisam ser preservados em uma faixa de temperatura entre +2ºC e +6ºC.
O tempo em que esses materiais podem se manter varia de acordo com a solução anticoagulante utilizada.
Para a solução ACD ou CPD, o prazo máximo recomendado é de 21 dias. Para CPDA\1, são 35 dias. O SAG\M, por sua vez, oferece um limite de até 42 dias. Em todos os casos, o sistema não pode ser aberto.
Concentrado de hemácias lavadas
Assim como o concentrado simples, o concentrado de hemácias lavadas deve ser preservado em temperaturas de +2ºC a +6ºC. A diferença em relação ao item anterior é o seu prazo de conservação, com validade de 24 horas.
Plasma fresco congelado
A exigência para o plasma fresco congelado é que ele seja preservado em uma temperatura igual ou menor que -18ºC. Se não for aberto, pode se preservar por até 12 meses.
Caso o sistema seja aberto durante o seu preparo, o tempo de contenção não deve ultrapassar 8 horas após a coleta. Quando descongelado, o material não pode ser congelado novamente.
Plasma comum
Quando o plasma fresco congelado ultrapassa o período de 12 meses de conservação, ele pode ser rotulado novamente como plasma comum.
Ele também deve se manter em temperaturas iguais ou menores que -18ºC, com validade de 5 anos.
Caso seu sistema seja aberto, o plasma comum precisa ser congelado em até 6 horas. Assim como no caso anterior, ele não pode ser congelado novamente.
Plasma crioprecipitado
Assim como os dois últimos exemplos, o plasma crioprecipitado precisa estar em -18ºC ou menos, com validade por 12 meses. Caso aberto, precisa se manter nesta temperatura em até seis horas. Também não deve receber o congelamento de novo.
Concentrado de plaquetas
Sob agitação constante e faixa média de temperatura entre 20º e 24ºC, as plaquetas valem por 5 dias. Mas, desde estejam em bolsa PVC com plastificante tri ou poliolefina sem plastificante.
Já na bolsa com plástico tradicional, a validade cai para 3 dias.
Em qualquer tipo de bolsa, quando mantido de +1ºC a 6ºC sem agitação, sua validade é de apenas 72 horas.
Todas as temperaturas e prazos relatados até aqui, bem como os procedimentos previstos para o armazenamento de sangue, são expostos através de normas específicas. Descubra quais são elas no próximo item!
Quais as regulamentações?
Ao todo, seis normas devem ter condições pelos locais que lidam com o armazenamento de sangue. Confira quais são elas e quais as suas finalidades específicas, conforme previsto na introdução de seus próprios textos:
- Portaria Conjunta ANVISA/SAS Nº 370 DE 07/05/2014, que “Dispõe sobre regulamento técnico-sanitário para o transporte de sangue e componentes”;
- Portaria Nº 158, de 4 de fevereiro de 2016, que “redefine o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos”;
- Lei Federal 10205/2001, que “regulamenta o § 4o do art. 199 da Constituição Federal, relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados”;
- RDC N° 34, de 11 de junho de 2014, que “dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue”;
- Decreto Federal 3990/2001, que “regulamenta o art. 26 da Lei no 10.205, de 21 de março de 2001, que dispõe sobre a coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do sangue, seus componentes e derivados”;
- RDC nº 20, de 10 de abril de 2014, que “dispõe sobre regulamento sanitário para o transporte de material biológico humano”.
Caso você queira saber ainda mais sobre os parâmetros e processos que envolvem o tema, temos uma dica. Confira as normas específicas e garanta pleno alinhamento legal para o seu estabelecimento de coleta.
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